A procura por habitação acessível em Portugal continua a aumentar. Entre 2024 e 2026, os preços do arrendamento e da compra de casa devem manter-se elevados nas grandes cidades, mas existem várias regiões onde ainda é possível encontrar casas com valores compatíveis com o rendimento médio português. Muitos leitores chegam ao As tuas ajudas para perceber quais as zonas onde o custo da habitação é mais baixo, como identificar oportunidades reais e que apoios públicos podem ajudar a reduzir a despesa mensal.
Índice
O contexto atual: evolução dos preços até 2026
Os valores da habitação em Portugal registaram um aumento superior a 80% na última década, segundo o INE. Em 2024, as projeções oficiais apontam para uma estabilização apenas gradual dos preços, mas sem quedas relevantes até pelo menos 2026. As principais razões são conhecidas:
- Oferta limitada nos centros urbanos.
- Procura crescente de residentes estrangeiros.
- Atrasos estruturais na construção nova.
- Menor rotatividade no mercado de arrendamento.
- Aumento da procura por parte de jovens e famílias em mobilidade laboral.
Apesar deste cenário, existem regiões onde os preços permanecem relativamente estáveis e onde ainda se encontram oportunidades consideradas acessíveis na prática.
1. Regiões com arrendamento mais acessível em Portugal
Antes de identificar os melhores concelhos, é importante referir que “acessível” não significa o mesmo para todos. O valor aceitável depende do rendimento do agregado, das despesas fixas e da relação custo-benefício da zona onde se vive.
Antes de identificar os melhores concelhos, é importante referir que “acessível” não significa o mesmo para todos. O valor aceitável depende do rendimento do agregado, das despesas fixas e da relação custo-benefício da zona onde se vive.Como regra geral, considera-se sustentável que a renda não ultrapasse 30% do rendimento líquido mensal do agregado familiar. Acima deste valor, o esforço financeiro pode comprometer outras áreas essenciais como alimentação, saúde, transportes e poupança.
As regiões mais acessíveis correspondem, na maioria dos casos, ao interior do país e às periferias das grandes cidades que não sofrem tanta pressão turística ou empresarial.Norte: A Área Metropolitana do Porto regista valores elevados, mas vários concelhos periféricos continuam com preços muito inferiores.
Conselhos onde as rendas permanecem mais baixas:
- Gondomar
- Valongo
- Santo Tirso
- Penafiel
- Paredes
Nestes municípios, ainda é possível encontrar T1 entre 450 e 650 euros e T2 entre 550 e 800 euros, dependendo da localização e do estado do imóvel.
Valores de referência (2024/2025):
Gondomar
Localizado a leste do Porto, beneficia da proximidade à cidade e de ligações rápidas através do Metro do Porto. As zonas de Rio Tinto e São Pedro da Cova são especialmente procuradas por famílias jovens.
Valongo
Com ligação direta ao Porto através do metro, Valongo combina acessibilidade com preços competitivos. As freguesias de Ermesinde e Alfena destacam-se pela oferta de comércio local e serviços.
Santo Tirso
Mais afastado, mas bem servido por autoestradas (A3 e A7), Santo Tirso oferece um ambiente mais tranquilo e familiar, ideal para quem trabalha remotamente ou não necessita de deslocações diárias ao centro do Porto.
Penafiel
Situado no limite da área metropolitana, apresenta valores ainda mais baixos. A linha ferroviária do Douro assegura ligação ao Porto, embora com maior tempo de viagem.
Paredes
Com boa rede de transportes públicos e proximidade à A4, Paredes é uma escolha crescente para famílias q
Nestes municípios, ainda é possível encontrar:
- T1: entre 450€ e 650€
- T2: entre 550€ e 800€
- T3: entre 650€ e 950€
Os valores variam consoante a localização específica (centro da vila vs. periferia), o estado de conservação do imóvel, a proximidade a estações de metro ou comboio, e a existência de lugares de estacionamento.
Zonas mais económicas:
- Castelo Branco
- Covilhã
- Guarda
- Aveiro (periferias)
- Leiria
Os T1 podem variar entre 350 e 500 euros, com valores mais baixos fora das capitais de distrito.
Alentejo:O Alentejo mantém-se como uma das regiões com melhor relação qualidade-preço no país. A pressão turística é menor e muitos municípios têm programas de incentivo ao arrendamento jovem.
Locais com maior acessibilidade:
- Beja
- Évora (sobretudo fora do centro histórico)
- Portalegre
As rendas são consistentes e, muitas vezes, negociáveis, especialmente para contratos de longa duração.
Algarve (interior):Embora o litoral algarvio apresente preços elevados, é importante destacar que o interior da região permanece bastante acessível.
Zonas menos pressionadas:
- Monchique
- São Brás de Alportel
- Alcoutim
Estas áreas são particularmente atrativas para quem trabalha remotamente ou valoriza a tranquilidade.
Lisboa e periferia:A Área Metropolitana de Lisboa é a região mais desafiante em termos de preços, mas existem concelhos onde ainda é possível arrendar a valores relativamente moderados.
Concelhos com valores abaixo da média:
- Montijo
- Moita
- Barreiro
- Vila Franca de Xira
- Almada (zonas afastadas do centro
Aqui, um T1 pode rondar os 650 a 850 euros, valores ainda consideravelmente abaixo dos praticados em Lisboa, Oeiras ou Cascais.
2. Onde é mais barato comprar casa (2024–2026)
Entre 2024 e 2026, espera-se que o preço da compra de casa continue a subir ligeiramente nas zonas urbanas, mas várias regiões do interior mantêm valores bastante baixos por metro quadrado. Para quem pretende comprar com recurso a crédito ou usar apoios como Porta 65+, existem concelhos em que a aquisição é financeiramente vantajosa.
Norte e Centro Interior
- Fundão
- Covilhã
- Castelo Branco
- Guarda
- Viseu (periferias)
Nestes locais, ainda é possível encontrar apartamentos desde 55.000 euros e moradias entre 70.000 e 120.000 euros.
Alentejo Interior
- Moura
- Serpa
- Elvas
- Beja
O preço por metro quadrado permanece um dos mais baixos do país, ideal para famílias que procuram espaço e custos de vida reduzidos.
Regiões costeiras acessíveis (2024–2026)
- Figueira da Foz (exceto centro)
- Marinha Grande
- Caldas da Rainha
Estas cidades equilibram serviços, emprego e acessibilidade, atraindo jovens casais e trabalhadores em mobilidade.
Encontrar uma renda baixa não significa necessariamente que o negócio é vantajoso. Em muitas zonas acessíveis, os imóveis podem apresentar limitações que devem ser avaliadas cuidadosamente:
- Necessidade de obras ou manutenção estrutural.
- Ausência de isolamento térmico, com impacto em despesas de climatização.
- Transportes públicos limitados.
- Maior distância ao local de trabalho.
- Menor oferta comercial e de serviços.
Por isso, é fundamental analisar o custo total associado a viver numa determinada zona, e não apenas o preço da renda ou da prestação.
3. Como encontrar casas acessíveis de forma mais eficiente
O mercado imobiliário muda diariamente e as oportunidades desaparecem rapidamente. Ter uma estratégia clara é essencial para garantir que não perdes opções boas e realmente acessíveis.
Estratégias eficazes:
- Ativar alertas nos principais portais imobiliários (Idealista, Imovirtual, Casa Sapo).
- Contactar diretamente imobiliárias locais, que muitas vezes têm casas que não chegam às plataformas.
- Verificar regularmente programas municipais de arrendamento acessível.
- Avaliar os imóveis com base no preço por metro quadrado.
- Procurar habitação entre outubro e março, meses com menor procura.
Principais programas:
- Porta 65 Jovem.
- Programa de Arrendamento Acessível.
- Incentivos municipais ao IMI.
- Apoios para estudantes deslocados.
- Programas de Reabilitação Urbana.
Para verificar se tens direito a algum destes apoios, utiliza o simulador gratuito do As tuas ajudas:
https://as-tuas-ajudas.pt/simulador
Dica: segue a regra dos 30% do rendimento
Uma orientação amplamente utilizada é garantir que a renda não ultrapassa 30% do rendimento líquido mensal do agregado. Esta métrica permite perceber rapidamente se determinada casa é financeiramente sustentável.
Renda recomendada: até 420 euros
Com este limite, torna-se difícil encontrar casa em Lisboa, Cascais, Porto ou Faro. Contudo, é possível arrendar com qualidade em municípios como:
- Barreiro
- Montijo
- Leiria
- Viseu
- Braga (periferias)
- Castelo Branco
Estes concelhos garantem melhor relação entre custo e qualidade de vida.
Zonas urbanas
Mais oferta laboral, melhores transportes, mas preços elevados e elevada procura.
Zonas suburbanas
Preços intermédios e boa ligação às cidades, com maior necessidade de deslocações.
Zonas rurais
Qualidade de vida tranquila, preços reduzidos, mas menor oferta de serviços e emprego local.
A escolha entre viver numa zona urbana, suburbana ou rural depende das suas prioridades pessoais e profissionais. As zonas urbanas oferecem oportunidades e conveniência a preços elevados; as suburbanas representam o compromisso mais equilibrado entre acessibilidade e qualidade de vida; e as rurais destacam-se pela tranquilidade e economia, exigindo maior autonomia.
Portugal oferece grande diversidade de opções habitacionais, desde as zonas mais caras das grandes cidades até ao interior profundo com valores muito reduzidos. Com planeamento, pesquisa e alguma flexibilidade, é possível encontrar soluções acessíveis mesmo num mercado pressionado, especialmente se estiver disposto a considerar zonas periféricas ou menos óbvias que mantêm boa relação qualidade-preço.